Rota do Vinho, da Vinha e dos Maroiços

(Madalena, Pico)

A área vitivinícola do Pico oferece à ilha uma paisagem única e um enquadramento natural de grande beleza, com inúmeras construções de arquitetura tradicional, ligadas à cultura da vinha e à produção do vinho e das aguardentes.

A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico – Património Mundial da UNESCO, ocupa uma área total de 987 ha na faixa litoral, abrangendo parcialmente as costas norte e sul, e a costa oeste da ilha. No concelho da Madalena, uma referência admirável é o Lajido da Criação Velha (pontos 12 a 17). Implantado em chão formado por escoadas lávicas (lajidos), é de extrema beleza natural e paisagística, onde é possível observar abundantes exemplos de fauna e flora endémicas da Macaronésia. Constitui ainda uma excelente representação da arquitetura tradicional ligada à cultura da vinha e ao desenho da paisagem.

Os longos muros de pedra contíguos, construídos para abrigar os bacelos e videiras, formam um reticulado que marca fortemente o território, não apenas pelo seu conjunto formal, mas pelo que se compreende da quantidade de trabalho e esforço empreendidos pelo homem neste modelar que garantiu a sua subsistência em solo rochoso e fustigado pelos ventos marinhos.

Entre os milhares de currais na zona costeira, associados ao desenvolvimento da vitivinicultura, foram surgindo pequenos aglomerados de adegas, que serviam como habitação sazonal na época da laboração na vinha. Numa imagem de grande ruralidade, estes aglomerados compõem-se de várias adegas, alambiques e armazéns, algumas casas solarengas e ermidas. Pontualmente, encontram-se poços de maré, que garantiam o fornecimento de água às populações e o funcionamento dos alambiques.

Como a circulação por terra era mais difícil do que pelo mar e como o mar era o caminho para fora da ilha, outros pontos importantes eram os pequenos portos, embarcadouros ou ancoradouros. Neste contexto, surgem também os rola-pipas (rampas talhadas na pedra para facilitar o transporte das pipas até ao porto) e as relheiras (marcas da passagem intensa dos rodados dos carros de bois sobre as lajes de lava).

Em cotas mais elevadas, especialmente em Valverde e Sete Cidades, os solos caracterizam-se pela presença de abundantes produtos piroclásticos – chão de biscoito – que, para se tornarem agrícolas, tiveram a necessidade de ser limpos. A pedra solta resultou em muros de delimitação de parcelas, mas a sua abundância obrigou a outro tipo de arrumação: os maroiços – grandes montes de pedra socalcados em formas cónicas, piramidais ou oblongas.

Nos cerrados de cultivo, as monumentais pirâmides de basalto negro que caracterizam o lado noroeste do cone vulcânico do Pico, formam uma unidade paisagística delimitada, sobretudo, pelas traseiras das habitações da Rua das Dores, antiga Estrada Regional, Rua General António Ribeiro e Rua Conselheiro António Silveira.


Pico's vineyard area gives the island a unique landscape and a stunning natural environment, with several traditional architecture buildings connected to vine culture and wine and firewater production.

Pico Island's wine cultivation landscape – UNESCO World Heritage – takes up 987 ha on the seashore, partially covering the island's north, south, and west coasts. Its most iconic reference in the Madalena township is Lajido da Criação Velha (point 12-17). Implanted on a ground formed by lava flows (lajidos), it has a natural and scenic beauty where we can observe many examples of flora and fauna endemic to Macaronesia. It is also an excellent representation of traditional architecture linked to the cultivation of wine and the drawing of the landscape.

The long, contiguous stone walls – built to shelter the grapevines and their grafts – form a lattice that strongly marks the territory, not just for its formal setting, but for the amount of hard work and effort humans put into this building this model that guaranteed their survival in a rocky soil that's constantly afflicted by sea winds.

Some small groups of cellars stood out among the thousands of corrals along the coastal area associated with winemaking, serving as seasonal lodging during wine labor season. A portrait of rurality, these clusters comprise several cellars, stills and warehouses, some manor houses and hermitages. Some tide wells that were used to supply water to the stills and the local community can be found here as well.

Since moving through the ground was more challenging than by sea, and the sea was the way out of the island, the small ports, docks, and harbors were vital. Equally significant were the rola-pipas ("barrel roller" ramps carved in the rock meant to facilitate the transportation of barrels to the pier) and the relheiras (marks of the intense passage of ox carts over the lava slabs).

On higher slopes, especially in Valverde and Sete Cidades, the soil is characterized by the abundant presence of pyroclastic products – biscoito ground – which had to be cleaned up to make land farmable. The loose rock turned into walls outlining the plots, but its abundance led to a different storage kind: the maroiços – large stepped mounts of stone, usually cone, pyramid, and oblong-shaped.

In the cultivation areas, the monumental black basalt pyramids that characterize the northwest side of Pico's volcanic cone form a landscape area outlined primarily by the backs of the houses on Rua das Dores, the old Estrada Regional, Rua General António Ribeiro, and Rua Conselheiro António Silveira.